quarta-feira, 16 de março de 2011

DO MONÓLOGO AO DIÁLOGO - TERAPIA DE CASAL

Dificuldades de comunicação, desinteresse sexual, conflitos e traição são os principais motivos que levam os casais à terapia.
É uma fantasia o pensamento de que um casal poderá superar seus conflitos sem intervenção de alguém; e é calamitoso quando negam sistematicamente algum tipo de auxílio.

Muitas vezes, o casal teme a terapia achando que acontecerá uma "lavagem de roupa suja". Porém, isto não é a essência do procedimento.

A essência da terapia de casal é uma resposta rápida sobre aquilo que há muito está emperrado: a necessidade de uma decisão de rompimento com toda a culpa e medo resultantes, ou a descoberta do potencial da vontade de tentar de uma forma que ambos não foram capazes até o presente momento.

A terapia não só pode conduzir a uma mudança de conduta, mas também levar a uma nova fase de redescoberta do prazer de estar com o outro; é o teste quase que peremptório sobre a dúvida ou certeza dos sentimentos perante o parceiro, sejam positivos ou negativos. No final é a consciência do que ambos podem ou não conseguir dividir.

Muitas vezes as brigas constantes de um casal mascaram o senso de lucidez e compreensão acerca do limite rompido de dor e angústia que ambos não são capazes de perceber.

A precisão da decisão ocorre quando a mágoa e ódio já não são mais soberanos no relacionamento, e a consciência de que o outro é ou não capaz de nos fornecer o que precisamos, se torna um conceito claro e límpido, sem qualquer contaminação emocional negativa.

Nenhum processo de terapia de casal pode ser bem-sucedido se os membros do casal continuarem a culpar-se mutuamente reconhecendo como única solução a mudança de comportamento do outro. Os problemas raramente estão relacionados apenas com o comportamento de uma das partes. Cada membro do casal traz para o casamento as suas vulnerabilidades, as suas feridas, e são estas questões mal resolvidas que tantas vezes interferem no normal funcionamento da relação.

Basta que um deles se predisponha a quebrar o ciclo vicioso focando-se naquilo que o outro está a sentir (e não no que está a fazer), para que as oportunidades de mudança apareçam. Quando um dos membros do casal interrompe a tentativa de ser ouvido/compreendido pelo outro e, em vez disso, escuta atentamente e procura compreender o outro, o braço-de-ferro começa a desfazer-se.

O papel do terapeuta conjugal passa, em larga medida, por desfazer este braço-de-ferro, permitindo que cada um dos membros do casal possa colocar-se “nos sapatos” do outro, empatizando com as suas necessidades e emoções. Claro que este passo só é possível se ambos aceitarem que as tentativas para ganhar a batalha, para ter razão, são infrutíferas e geradoras de frustração.

É vital, também, que o casal tenha consciência que o objetivo da terapia não deve ser que o terapeuta assuma a função de decidir sobre a manutenção ou não da relação, pois não deixaria de ser uma tarefa delegada a um estranho de certa forma.

Mister se faz ter cuidado para que a terapia não seja a pretexto para acabar com o casamento; já que talvez um dos dois parceiros tenha essa certeza e não queira carregar o ônus do ato, transferindo para o terapeuta a culpabilidade.

O terapeuta no máximo deve ser uma medida do impacto do emocional de ambos e suas conseqüências.


Joselaine Garcia
Psicóloga

Bibliografia:
ADLER, ALFRED. O caráter neurótico. MADRID: Editora PAIDÓS, 1932.
FREUD, SIGMUND. TRÊS ENSAIOS PARA UMA TEORIA SEXUAL. OBRAS COMPLETAS COLABORADORES:

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